domingo, 18 de fevereiro de 2018

Nossa história, melhor que um best-seller.

Por muitas vezes eu esquecia o quanto Gail era linda. Eu me surpreendia e sentia um choque a cada vez que a encontrava depois de alguns dias sem vê-la, nem minha lembrança ou minha imaginação conseguiam conceber que ela fosse tão encantadora. De longe, sentada sozinha na mesa do shopping, parecia uma flor no deserto de tão contrastante que era o brilho dela em relação aos meros mortais aglomerados a sua volta. Me aproximei e beijei-a no rosto, deixando que me preenchesse o perfume doce.
Uma das sensações mais gostosas da noite era ouvi-la esbravejando comigo porque eu brincava com a comida ou eu não ouvia direito o que ela dizia. Em minha defesa, a maneira com que os lábios dela dançavam e os olhos me fitavam me tiravam do planeta e me impediam de ouvir as palavras, por mais suave que sua voz fosse.
No cinema, eu desaprendia a respirar em cada toque das suas bochechas se encaixando no meu ombro, cada vez que sua mão percorria minha perna buscando encontrar minha mão depositada no joelho, enlaçando nossos dedos. Em cada vez que chegava ao meu ouvido pra sussurrar algo baixinho sobre a história e suavemente se virava pra ouvir minha resposta, cada vez que seus olhos de ressaca me tragavam pra dentro da sua alma e eu era sequestrado pela vontade de tocar seus lábios e ouvir sua respiração quente beijar meu rosto de volta.
Andar de mãos dadas e observá-la sorrir a cada tentativa minha de provocá-la, tentando adivinhar se, ao caminhar, nossas almas acompanhariam o sentido em que nossos corpos seguiam, fazendo com que elas se misturassem em nós como os nossos dedos faziam no lençol da cama que foi testemunha tantas vezes do quanto nossa sintonia era de um só, fazendo com que qualquer conto parecesse algo desinteressante perto das nossas infinitas histórias de amor.
Não era um sacrifício escutá-la contar sobre seu dia, sua vida, tampouco aceitar o filme que ela escolhesse ou seu bico ao discordar das bobagens que eu dizia. O que doía mesmo era ter que ir embora no fim da noite e deixar um pedaço de mim pra trás nas mãos dela, só esperando que ela o guardasse bem, até a próxima vez que a vida me permitisse reencontrá-la e me lembrar, mesmo que de leve, o quão bom é ter a vida roubada por um motivo que valesse à pena.

Cya.

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