segunda-feira, 15 de abril de 2024

Eu não queria dizer adeus,

"Eu não queria dizer
Eu volto há tanto tempo e cada vez
Parece que o meu tempo não passou
Eu não encontro nada que me dê motivo

Outra vez pra procurar o que sobrou
Eu vivo condenado e sem saída
De um passado que parece não ter fim (...)

Só não queria perder o que sempre foi meu
É que eu tinha tanto pra cantar
Eu não queria dizer adeus." - Fresno.

Cya.

domingo, 7 de abril de 2024

Permaneço amarrado a você.

Meus olhos há muito se perderam
num horizonte não mais nosso
vagando de sede e de saudade à tua procura,
de se perderem outra vez dentro dos teus
ao olhar d'outro lado
de um mundo distante
bradando ao universo por um capricho,
pela falta de um adeus

Minhas pernas não são mais as amarras
que me prendiam às tuas
meu peito não é mais a morada da tua tez
meus braços não enroscam mais
teu pescoço e teu cabelo
meu espelho não distingue mais quem sou eu,
quem tu és

Nossos corações perduraram unos,
entrelaçados
bailando colados
em meio aos nossos lençóis 
testemunhas e cúmplices
do quanto fomos e do quanto somos
um só beijo, um só toque,
um só sonho e uma só voz

Outrora flutuando em outras enceadas,
tuas velas encontraram o caminho de casa
e aportaram ao meu calvário
trazendo uma brecha ímpar,
única,
uma faísca de loucura, de coragem,
uma resposta ao meu lamento solitário

Meus olhos reagem aos teus
assim como faz meu apelo à tua pele
que estava sob alcance do meu céu,
do meu mar
provando em seu infinito
a Mário e a mim
a intrasitividade do verbo amar.

Cya, lobster.


Num outro lado do meu mundo.

"Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.

...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus." - Pablo Neruda, em "Parto".

Cya.

Cry for love.

"We never cry for love
We're superheroes
We are back where we belong

We never cry for pain
We're superheroes
Make a stand where we belong." - Edguy.

Cya.

quarta-feira, 6 de março de 2024

E a solidão?

"Para um homem devoto não existe solidão – esta invenção foi feita somente por nós, os sem-Deus"

– Nietzsche, Gaia Ciência, §367.

sábado, 31 de dezembro de 2022

Sem ar.

(…) - Você viveu o que queria? - cintilaram as palavras em tom baixo, acolchoadas no brilho leve do olhar cansado que eu só pudera observar através das lentes finas dos óculos cor de cereja, contrastando com o inquietar das mãos que se esfregavam uma na outra, como se tentassem se lavar no ar, buscando, sem sucesso, purgar a sujeira do momento desconfortável.

- Vivi mais do que devia.

Em voz alta, as palavras soaram mais tolas do que parecera antes. Afastei a cadeira com as mãos, lancei o último olhar terno, firme, vazio, sem mais ver brilho algum. Só o das luzes, dos isqueiros e dos cigarros, dos faróis que refletiam nas vidraças, dos talheres prateados sobre as mesas. Em silêncio, atravessei o barulho.

- Fiz mais do que podia -, repeti num murmúrio. Ganhei a rua e caminhei.

Cya.