sábado, 27 de julho de 2019

No one to cry to, no place to call home.

"Quando estava deprimido, produzia bons poemas. Por produzir bons poemas, ficava feliz. Logo, a qualidade do que eu escrevia caia por não estar mais triste. Eu precisava estar deprimido pra produzir."

O mesmo professor que repetia essa frase - da qual desconheço o autor -, dizia que "a felicidade não é um bem que se mereça". Essa, sim, eu sabia. Era de Jorge Forbes. Inocentemente, ele afirmava que a felicidade não precisa ser merecida pra se fazer presente. Essa era algo primitivo, não derivado. Era algo que não precisava ser consequência, mas existir pelo fato de si só.

Os dias se passavam e os tons sem vida das paredes encaravam o amontoado de carne e moletons que eu era. Permaneci encarando-as de volta e, sem querer, comecei a perceber não ter nascido pra ser feliz. Sempre fui do tipo destonante, discordante. Não por rebeldia, mas as perguntas sempre eram mais interessantes do que as respostas. Ir além do que se mostrava fácil, do que simplesmente se desenrolava.

Posso não ter fracassado na missão de ser normal, regular. Melhor assim. Eu nunca experimentei a sensação de estar naturalmente feliz, não conseguia conceber tal ideia. Forbes acertou na frase, embora se precipitado na medida. A felicidade não é um bem que se mereça, e eu, Duncan, estava no time dos que não mereciam. Quiçá não precisavam. Os corações costumam vagar em busca de calor, de um peito que os acolha, que derreta o gelo do frio que a solidão planta no peito.

Há aqueles que nascem pra ser partida, há os que nascem pra ser chegada. Eu nasci pra ser o estado natural da depressão, aquele coração que persegue e que vagueia, não o que encontra.

Cya.

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