sexta-feira, 22 de março de 2019

E o que de mim restou?

"Por mais que possa parecer menor
Hoje posso ver que enterrei em mim
Tudo que não me fez valorizar
E afastou o que em tempos foi o meu melhor

Não posso mais me enganar que não está em mim
Que você não está mais em mim e mesmo que não durar
Eu vou lutar e te fazer morrer mais uma vez.

E quando eu ver que não estou ouvindo a mim mesmo
Vou reparar todos os buracos que ficaram
E nunca deixar que essas grades me sufoquem

Eu não vou deixar que o tempo leve o que sobrou de mim." - Aurora Rules.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Colide.

Odeio quem sou
por ser nas partes
e no todo
construído de amor

Esse que odeio
que respiro
que inalo como combustível
que exalo como veneno

Exceto quando esse pinga
ou se despeja
numa corrente que arrasta
ou que afoga

Mas que ainda assim afaga
e na imprescindibilidade
me salva do tombo
e me põe de joelhos

Que me dá mais uma chance
de desistir de novo todo dia
de acreditar que o que nasce amanhã
é uma bela oportunidade
pra morrer de amor.

Cya.


quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Não sei viver.

Eu tinha certo ceticismo em crer na bondade das pessoas. Em partes porque eu assistia ao egoísmo com que as pessoas agiam diariamente, em partes porque só eu sabia que nas minhas tentativas de tentar dar meu melhor tinham que suprimir certo egocentrismo que existe intrinsecamente em cada ser humano. Mas tinha um lugar em que eu sabia que a bondade existia, e aos montes.

Nos meus primeiros dias no hospital, o que mais mexeu comigo foi a ala pediátrica. Aqueles pequenos, carequinhas, visivelmente abatidos fisicamente, mas que ainda continham um brilho intenso. Uma inocência celeste em relação ao mal que enfrentavam, e isso os dava uma força imensa, eles simplesmente lutavam, de maneira pura, sem ao menos saber a agressividade do seu adversário. Os recém chegados ainda apresentavam olhos assustados, e aos poucos iam se acostumando. As rotinas árduas dos tratamentos, a debilidade física causada pelos mesmos - além das da própria doença. E ainda assim elas sorriam, riam, brincavam.

Elas eram uma fonte de carinho que cativava de maneira ímpar todos que ali trabalhavam, e nos atingiam violentamente quando fatalmente partiam. Era uma injustiça imensa que fossem forçados a passar por isso ainda tão pequenos. Eu achava injusto até com os adultos, com eles, então... A doença era sutil, silenciosa e traiçoeira. Eu ouvia de vários pais que aquilo, infelizmente, era a vontade de deus. Se houvesse um deus, ele não haveria de permitir que aquilo acontecesse. Aquilo soava ridículo, eram pais justificando o sofrimento dos filhos como uma vontade divida.

Deus... Esse era mais um dos motivos que me faziam duvidar da bondade das pessoas. Uma mera barganha dos seus seguidores para que suas almas não queimassem eternamente no fogo do inferno. Aquilo não era sincero, não tinha legitimidade alguma. Essas seriam as mesmas pessoas que pendurariam Jesus de novo numa cruz. Esse que é uma das pessoas mais bondosas da história, e ele terminou julgado e condenado pelos próprios a quem ele supostamente viera salvar.

Em certas horas, tudo isso me consolava ainda mais quando eu me sentia o próprio diabo.

Cya.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Amanhã tão distante, tão longe de mim.

(...) Observei atento a cada um de seus passos enquanto ela subia as escadas e seus dedos deslizavam pelo corrimão de ferro. Os saltos dos seus sapatos emitiam um som peculiar enquanto ronpiam as pedras dos degraus, como se anunciassem de maneira sutil e eloquente uma saída triunfal. Ela abusara da oportunidade de poder usar um vestido daqueles em uma rara noite quente, pelo menos nessa época do ano, todo branco, que cintado ao seu corpo fazia de suas curvas algo absurdamente atraente. Sua presença enquanto caminhava era imponente e encantadora, predadora.

Permaneci imóvel, na calçada, a admirando, como fiz a noite toda. Durante o jantar, captei cada detalhe do seu jeito: tinha um sorriso tímido daqueles de apertar os lábios, misturando a inocência de uma menina com um charme diabólico, fazendo as covinhas se sobressaírem e formarem um par amável com seus dentes perfeitos. A maneira como os seus olhos miravam minha boca enquanto eu falava, feito duas opalas negras, fixadas com maestria num engaste branco, em um contraste perfeito com o contorno preto dos seus olhos, dançando no ritmo da minha fala. Sua companhia era fácil de aproveitar.

Ao chegar em frente sua porta, ainda sem preparar a chave para abri-la, me convidou para um café. Já era tarde, o sono alcoólico já havia flertado comigo e achei que seria interessante algum estímulo para que a caminhada solitária pelas calçadas até minha casa fosse menos agoniante, e eu aceitaria qualquer desculpa pra desfrutar só mais um pouco da sua companhia. Nos meus desejos mais otimistas, conseguir o beijo - mesmo que de despedida - que eu tanto desejei durante toda aquela noite.

Subi as escadas e tomei o rumo da porta, mas percebi que seu corpo não havia se movido para que eu passasse. Num ato de coragem e improviso, com uma mão apoiei sua cintura, com a outra fechei a porta atrás de mim. Em uma resposta rápida, senti seu corpo se aproximar do meu e os seus olhos devorarem o fundo do meu ser, sem suavidade, sem pudor. Os poucos centímetros que separavam sua boca da minha foram o suficiente para contrastar o seu hálito quente e inebriante com o frio na minha barriga.

Terminei por jogar meus braços completamente pela sua cintura e aproximar mais ainda seu corpo contra o meu, para que não houvesse espaço não preenchido entre nós dois. Seus dedos finos se entrelaçaram aos meus cabelos e rapidamente desceram pela minha nuca, meu pescoço e alcançaram meu peito, onde ela delicadamente desabotoava os primeiros botões da minha camisa. Percorri vagarosamente o caminho entre sua boca e seu pescoço, sentindo sua respiração acelerar enquanto meus lábios dançavam devagar em sua pele.

Pele essa que eu sentia a maciez com o paladar e o tato, mesmo que por cima do seu vestido. Seu cheiro doce me entorpecia, despertando algo em mim que nitidamente previa que qualquer ato controlado e racional da minha parte seria inútil. Ao terminar de desabotoar minha camisa, senti suas unhas levemente percorrerem minha pele, o suficiente para que ela se apoiasse confortavelmente em mim, empurrando meu corpo contra a parede do corredor e nos transformando num só.

A beijei como fosse a última coisa que eu faria na vida.

domingo, 25 de novembro de 2018

Lucy in the sky with diamonds.

Ontem eu tava refletindo sobre a vida e percebi que as coisas começaram a realmente dar errado pra mim quando eu parei, sem querer, de dedicar pelo menos alguns minutos da minha semana pra ficar olhando o céu, sem motivo nenhum. Nunca agradeci o suficiente a Milena, quando a praticamente 10 anos atrás, ela fez com que eu me apaixonasse pelo céu e por tudo o que ele representa e signifca. Sempre foi uma das coisas que me revigoravam, que fazia com que eu ponderasse sobre o quão insignificantes nós somos diante de tanta imensidão, de tanta magnitude, de tanta beleza. Se você que tá lendo isso agora vive uma vida de merda e precisa de uns minutinhos pra se desligar da realidade e do que acontece ao redor de uma maneira saudável, sente-se e olhe o céu. Funciona.

Cya.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

You gotta, oh.

"Whatever you do, don't ever play my game
Too many years being the king of pain
You gotta lose it all if you wanna take control
Sell yourself to save your soul
Rescue me from the demons in my mind
Rescue me from the lovers in my life
Rescue me from the demons in my mind
Rescue me, rescue me, rescue me
Rescue me
Whatever you do, don't ever lose your faith
The devil's quick to love, lust and pain
Better to say yes to never know, oh, oh
Sell yourself to save your soul" - 30STM.

Cya.