sexta-feira, 15 de maio de 2020

Allied.

"A criação que dita nunca entendeu
Que o muito é nada se pra ter preciso
Se sufocar pra não surtar
Fingir não ver, enganar você
Se alguem me pos aqui não foi pra consentir a ilusão
Das prontas respostas
Quase sempre impostas
Desses destinos egoistas que só nos matam mais

O que eu ganho em não me encaixar
É compreender
Que nada voltará
Que tudo vai passar

Só pensem bem em quais coisas importam mais
Pra não viver escravizado ao erro
De me esconder
De negar meu ser

Só pensem bem em quais coisas importam mais
Pra não viver escravizado ao erro
De me esconder
De negar meu ser, finge ser

E seus pés te levam pra longe do que é seu
A parte que vai transformar feridas em sombras
É a mesma que ensina a criar com as mãos o que esperamos ganhar
Não veja limites em se questionar

Só pensem bem em quais coisas importam mais
Pra não viver escravizado ao erro
De me esconder
De negar meu ser

Só pensem bem em quais coisas importam mais

Eu nunca quis ser
O mais calado
O aliado
Pra virar mais um
Eu chego perto
Mas não me entrego
A praga comum

Seja, sinta, tudo vai passar
E quase nunca podemos voltar." - Aurora Rules.

Cya.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Não tento tanto assim.

"Hoje eu falei pra você
Vai demorar pra entender
Tento não transparecer
Que não quero mais viver" - Fresno.

Cya.

segunda-feira, 23 de março de 2020

If you say so.

(...) Eu mesmo não sabia o que queria: tinha medo da vida, desejava me livrar dela e, no entanto, ainda esperava dela alguma coisa.


— Liev Tolstoi, no livro Uma Confissão. (Cap. III / Editora Mundo Cristão; 1.ª edição [2017]).

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Aos interessados.

Segundo o queridíssimo Mario Quintana, melancolia é a maneira romântica de ficar triste. Ninguém romantiza mais do que os adolescentes. São os poetas precoces. Eles são os que vivem da maneira mais honesta e intensa todas as emoções, principalmente aquelas negativas - no mínimo as que derradeiramente se concluem em catástrofes: paixão, solidão, desejo, tristeza, medo, frustração etc. A maneira mais clara de entender isso é observar como nos tornamos adultos.

A maturação nada mais é do que o desfecho do processo de abandono, é quando os sentimentos são substituídos pelos gatilhos que despertam os monstros, quando esmagamos os nossos sonhos, quando buscamos desesperadamente o sucesso naquilo que odiamos, quando fracassamos em nos tornar tudo aquilo que um dia quisemos ser pra nos tornarmos o que querem que nos tornemos. É morrer aos poucos enquanto lutamos pra viver, respirando por aparelhos em forma de pílulas e comprimidos. É aguentar até o dia de amanhã, todo dia, porque o hoje nos esgota.

Como os mais saudosos poetas, dos que tem face e dos que não, jamais abandonemos a boêmia e persistente adolescência. Nem a inocência das crianças nem a indiferença dos adultos, mas a eterna e incendiária mania de sentir. A vigorosa força pra nos rebelar, pra questionar as correntes que quebramos, as paredes que derrubamos. A cada dia nos fazermos de loucos pra espantar a estúpida e escura lucidez. Que vivamos a melancolia que é a vida enquanto esperamos, ansiosos, o dia de morrer.

Cya.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Overlord.

Quando chegar ao inferno, quero ser recebido por Gary B. B. Coleman tocando "The Sky is Crying" enquanto o Abu recita meu epitáfio. Serei arrogante no pós vida - se é que isso pode ser chamado de vida.

Cya.

sábado, 27 de julho de 2019

No one to cry to, no place to call home.

"Quando estava deprimido, produzia bons poemas. Por produzir bons poemas, ficava feliz. Logo, a qualidade do que eu escrevia caia por não estar mais triste. Eu precisava estar deprimido pra produzir."

O mesmo professor que repetia essa frase - da qual desconheço o autor -, dizia que "a felicidade não é um bem que se mereça". Essa, sim, eu sabia. Era de Jorge Forbes. Inocentemente, ele afirmava que a felicidade não precisa ser merecida pra se fazer presente. Essa era algo primitivo, não derivado. Era algo que não precisava ser consequência, mas existir pelo fato de si só.

Os dias se passavam e os tons sem vida das paredes encaravam o amontoado de carne e moletons que eu era. Permaneci encarando-as de volta e, sem querer, comecei a perceber não ter nascido pra ser feliz. Sempre fui do tipo destonante, discordante. Não por rebeldia, mas as perguntas sempre eram mais interessantes do que as respostas. Ir além do que se mostrava fácil, do que simplesmente se desenrolava.

Posso não ter fracassado na missão de ser normal, regular. Melhor assim. Eu nunca experimentei a sensação de estar naturalmente feliz, não conseguia conceber tal ideia. Forbes acertou na frase, embora se precipitado na medida. A felicidade não é um bem que se mereça, e eu, Duncan, estava no time dos que não mereciam. Quiçá não precisavam. Os corações costumam vagar em busca de calor, de um peito que os acolha, que derreta o gelo do frio que a solidão planta no peito.

Há aqueles que nascem pra ser partida, há os que nascem pra ser chegada. Eu nasci pra ser o estado natural da depressão, aquele coração que persegue e que vagueia, não o que encontra.

Cya.