A maturação nada mais é do que o desfecho do processo de abandono, é quando os sentimentos são substituídos pelos gatilhos que despertam os monstros, quando esmagamos os nossos sonhos, quando buscamos desesperadamente o sucesso naquilo que odiamos, quando fracassamos em nos tornar tudo aquilo que um dia quisemos ser pra nos tornarmos o que querem que nos tornemos. É morrer aos poucos enquanto lutamos pra viver, respirando por aparelhos em forma de pílulas e comprimidos. É aguentar até o dia de amanhã, todo dia, porque o hoje nos esgota.
Como os mais saudosos poetas, dos que tem face e dos que não, jamais abandonemos a boêmia e persistente adolescência. Nem a inocência das crianças nem a indiferença dos adultos, mas a eterna e incendiária mania de sentir. A vigorosa força pra nos rebelar, pra questionar as correntes que quebramos, as paredes que derrubamos. A cada dia nos fazermos de loucos pra espantar a estúpida e escura lucidez. Que vivamos a melancolia que é a vida enquanto esperamos, ansiosos, o dia de morrer.
Cya.
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