terça-feira, 25 de março de 2014

Filosofia de buteco.

A sabedoria pode ser definida como uma das principais - se não a principal - ideia da Antiga Grécia. Toma-se como base, por exemplo, a visão que os antigos pensadores tinham sobre o mito que envolve o rio Lethes, que nada mais era do que um dos rios do mundo dos mortos, do reino de Hades, do qual quem bebesse ou entrasse em contato com o mesmo seriam vítima do esquecimento absoluto. Entretanto, depois de milênios saciando sua sede no rio, seu espírito poderia voltar ao mundo dos homens para "readquirir" o conhecimento que sua alma havia concebido na vida passada de maneira que não aprendesse de novo, só se recordasse do que já havia aprendido, concluindo que seriam reconhecidos mais tarde como os mais sábios aqueles que tivessem supostamente ingerido menos daquela água.
Talvez por uma certa ironia do nosso espetacular destino, quanto mais maduro o indivíduo se torna, mais consciente ele fica, fazendo dessa reflexão introdutória, no mínimo, uma questão curiosa - e verídica. Pode parecer redundante a princípio, mas num período muito curto de tempo, por exemplo, chega a ser cômico o quanto alguém pode aprender a diferença entre as consequências dos seus atos quando ele só ouve falar sobre aquilo, comparado ao que ele aprende em relação àquilo quando é exposto ao real sentido do que acabou de acontecer, fazendo com que a experiência vivida surtisse mais efeito do que a informação previamente concedida. Ou seja, o ser humano só aprende de verdade o real significado das coisas, sendo elas independentemente boas ou ruins, quando é realmente exposto e compreende a realidade daquilo, não quando somente é introduzido ao assunto ou quando simplesmente é vítima do fato. Ele só entende de verdade o que aconteceu quando ele aprende a ver, a entender e a lidar com certo tipo de situação, sendo todas partes essenciais, onde uma ou duas não seriam suficientes, somente as três juntas resultariam na real sabedoria.
Confuso e, admito, talvez dessa vez sem muito sentido, mas sempre é válida a tentativa. Cya!

domingo, 23 de março de 2014

Miracles don't happen here.

"I've seen it all and I know better -
I've felt the bitterness and pain
My soul keeps changing like the weather -
the only constant is the rain
I know your black and white intentions and there's no room
For shades of gray
I never asked you to conform to me...
I only begged for you to stay

I waited here tonight for you to come
But your love just disappeared
I'm waiting in the dark for miracles
But miracles don't happen here

I still have dreams that we're together
And I can still taste your skin
Reminders all around surrounded by your light -
I don't want to die again
I don't deserve to be discovered -
I don't deserve to know you care
I only want my promised other... not someone who isn't there."

domingo, 16 de março de 2014

Filho da puta.

"Morar nesse país
é como ter a mãe na zona:
Você sabe que ela não presta
e ainda assim adora essa gatona.
Não que eu tenha nada contra
profissionais da cama,
mas são os filhos dessa dama
que você sabe como é que chama..."

Cya.

sábado, 1 de março de 2014

Senhora.

"Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor." - Dalton Trevisan.

Cya.